Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

14 de junho de 2009

Da Imperceptível Sedução

                                 é que foi tudo tão instatâneo que acho eu perdi o momento


Começou assim, sem mais porquês. Eu sorria. Tu dizias qualquer coisa que mesmo incompreensível para mim naquele momento, era como canção que entoava-me, enebriava-me de tal forma que não me permitia qualquer reação antecipada e eu, no meu tonto devaneio, ah, apenas sorria-te um sorriso de complacência e devoção e entrava encantada na tua inocente ou perversa brincadeira de enlinhar-me ali nas tuas mãos de movimentos fáceis..que ameaçavam-me tocar, mas nao se encorajavam ainda...pequenos movimentos, quase imperceptíveis, gestos sutis, sorrisos inconstantes. Por vezes, parecia-me triste teu olhar, outras vezes inquiridor a me perscrutar algum gesto a ti e eu impassiva, séria, contrita.... 'podes dedilhar-me a vontade que não tirarás uma nota sequer de mim' Era Hamlet que me evocava naquele momento: orgulho talvez? nao....dignidade.
Já dei demonstraçoes suficientes...que mais queres de mim? não posso entregar-me ainda..tenho medo, medo de me perder...porque algumas pessoas, acho que simplesmente se perdem realmente, seja no shopping, no centro da cidade, ou simplesmente umas nos braços das outras e nem sempre encontram saída meu bem.

Se tu me olhas vagamente, ou num rápido lance que mal percebo, como saberei o que és, o que tão cautelosamente escondes de mim? Nao..não escondas nada de mim, meus sentidos me dizem coisas que tu jamais ousarias me dizer. E teu instangante apelo sobre minha pele também me diz muito das tuas escusas intenções, portante não me fale dos teus sentimentos, eles ainda estão em feitio desordenado, se fazendo pela pura cognição das intuições, dos cheiros, do contato arredio, cauteloso e ao mesmo atrevido...atrevido que tu és. Não sei se gosto ou não. Só sei que sofro a tua espera, a tarde nunca é a mesma quando estás comigo. Passa como num ressonar de criança: sereno mas um tanto ofegante. A contradição pura se interpôs entre nós: tu me lançaste um desafio: descobrir o que queres de mim. Nem tu sabes o que queres de mim. Permitirei que tu descubras. Não. À tarde, à tua procura, esperarei que se desenlasse aos poucos tua trama.