Aprendendo a ser

Minha foto
Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

24 de junho de 2010

Encontro assustado

Teu rosto é hoje
Um retrato [
bem] escondido
Entre as páginas de um velho livro [
meu]:
Que eu nunca li!
Apreendo agora teu rosto
[Contudo] perdi tua feição
Fito teu olho
Mas teu olhar, Oh nao!
Teu gesto, antes ao longe reconhecido
Hoje sujeito apenas à minha vaga recordação
Tua palavra, antes suposta, quase adivinhada
Hoje... palavra mais não
Murmúrios de saudade talvez
Hesitem em professar teu nome
Que a palavra vã, uma vez invocada
Trilha caminhos desconhecidos
E vem ter contigo em meu coração
Tu morto jaz à fotografia
Eu viva, buscando-te ainda não sei porque
Mas ja me encontro em plena agonia

20 de junho de 2010

Poema das sete faces urbanas

A CA Ribeiro Neto e a Carlos Drummond de Andrade

Um dia desses
um colega de bar me disse:
Vai Zeca, ficar safado da vida!

As mulheres tão aí mesmo
O jogo em tempos de copa, já vai começar...
Então...é só saber se chegar

O bom malandro
Passa o tempo, passa as horas
Buscando nas coisas vazias
Qualquer coisa, qualquer pilhera
Pra preencher sua monotonia

A topic passa cheia de pernas
Que não me deixam passar
Mas não somente as pernas que vêm pra me sufocar
Braços, peitos, bundas de todo jeito
Pra que tanto corpo exposto meu Deus?
Pergunta meu coração
Que querendo descer da topic nao encontra espaço vão

As câmeras, as luzes, os holofotes do mundo
espiam as casas
e hoje são as mulheres que correm atrás dos homens
A noite poluída de azul ficou cinza
Já não há tantos desejos...

O homem atrás da latinha de cerveja
Esconde os sentimentos
E diz que tudo está bem
E quando se inebria, ao contrario
Diz pra todos que tudo anda mal

Meu Deus, porque me abandonaste
Se sabias que eu nao era Deus
Se sabias que eu era vasco
Se eu vou pro campo
Nao sei jogar
Se vou torcer
Acabo por brigar

Eu não devia te dizer
Mas esse jogo, essa tarde de domingo
Essa cerveja barata, esse copo
E o seu corpo na minha mão
Essa modernidade que me deixa louco
Deixa a gente comovido como o diabo