Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

29 de setembro de 2010

A vertigem que é você


No princípio era o acaso
Depois, o ocaso nos levou a um momento furtivo
E eu enfim te conhecia
Em todas as cores...
E nas cores mais lindas do meu dia

Com todo espalhafato, beijar-te-ía
É que a tua longa ausência transbordou de mim aquele dia
E eu dancei palavras novas
No indizível da tua boca
E a quietude silvestre do desejo
Inflamou-me inteiro o corpo
E assim num de repente
Mergulhei em você,
Pois em nosso assustado encontro não havia o que dizer
Senão resumir num ato, e num prédio qualquer
Ali mesmo no vão da escada nos fizemos conhecer

Teus olhos nus me embeveciam
E por instantes eu esquecia
Que tu tens dois olhos
De quem muito conhece o mundo
Mas nenhum dos dois me diz ao certo quem tu és
E nenhum dois é espelho nítido para eu me conhecer

Fagulhas do teu olho
Trespassavam o meu corpo
Mas eu...eu não sentia dores
Mas calafrio!
E com que velocidade faminta e tranquila
O meu corpo percorrias...
E enfim eu descobria que a vertigem não é medo
Mas o cego desejo de que a muito eu carecia
A penumbra e um sorriso.
Um céu sobre a escada e a tua boca na minha.

26 de setembro de 2010

No Princípio era

Glenn McDuffie, marinheiro americano que roubou um beijo de uma enfermeira no após saber da rendição japonesa o que selou o fim da Segunda Guerra.
No princípio era o acaso
Depois, o ocaso nos levou a um momento furtivo
E eu enfim te conhecia
Em todas as cores...
E nas cores mais lindas do meu dia

Fagulhas do teu olho
Trespassavam o meu corpo
Mas eu..eu nao sentia dores
Mas calafrio o corpo me percorria

12 de setembro de 2010

Triste ofício

Triste é a poesia
Mais triste ainda é o poeta
Que só sabe cantar sua musica
Aquela mais predileta...
Dando a ela triste melodia
Pobre toada de um poeta

É tão pouco o que me resta
Pra fazer uma poesia
Um arremedo de conversa
Que ora distraída, ora perplexa
Tiveste comigo outro dia

O que me resta é tão pouco
Que mal me sai no canto da boca
O que me resta é uma farsa
Do que foi tua paisagem
O que me resta é um brinquedo
Que desiluso brinquei quieto
O que me resta é uma dor
Que coitada, nunca passou
O que me resta é uma sobra de amizade
Que sem amigos, fracassada, já foi tarde
O que me resta é falar ao vento
Ou simplesmente descrever a paisagem
Que ali inerte, prefere ficar extática
E sabe que tudo, tudo na vida é de passagem 

Tudo é fluido e transitório
Por isso não me vale ficar sóbrio
Tudo é falso e me dá medo
Vou voltar pros meus brinquedos
Regredir, única saída...
Pra não me perder mais ainda
Pensar nos tempos em que tolo eu fui 
E pensar que tudo pra sempre...


"Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página: Por isso a palavra escrita é sempre triste."
Mario Quintana