Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

29 de agosto de 2012

Que seja o esquecimento a vivência desse amor





Hoje é esquecer


e amanhã, por ter menos ainda aberta a porta

em seguida fechada de forma bruta

de que adianta tantas palavras ao pé do ouvido, mexer com meus sentidos

se não há perdão para o nunca?



dizer que nao vou esquecer a chave, esqueço

o coração, esse órgão selvagem, nao se insere no não,

suas batidas e contrações só pedem vida

e onde esta habita...

ah, não há palavra por louca que seja, que explique



o movimento,

a sua repetição,

o transladar dos tempos,

o perder da afeição

a vontade de apagar, cura!

até a mais doce agrura que vivi nas tuas mãos

encantadoras

esse sopro que não cansa de passar nas minhas relvas

e tua selva...

que perigo da minha pele exposta à tuas aves de voos rasantes

de leões famintos por minhas palavras cativantes



apagado de borracha que sempre fui de ti, sei que fica rasura

da memória,

do que foi,

do escuro,

que eu te encontrei em luz repentina

de entontecer-me a vista

corpo e mente já nao eram eloquentes,

pois se tratava de ti...

e antes de ti nunca foram tão veementes



meus dias que antes de ti, serenizados eram, pois não havia a paixao à flor da pele

pela flor eu me encantei, efêmera que era

e a pele da flor, logo desmaiou ao primeiro sol que apanhou, por fraqueza dela



natureza igual a dela,

flor contida

encarquilhou-se na primeira página do caderno

mas a lembrança da entrega...essa ficou!


esquecer, esquecer, esquecer. Não há mistério.

a consciência pesa e o dia me emprega

a vida é prática e se nega a parar

mesmo a noite não sossega

é nos nervos da noite mal dormida que o corpo renega o fim,

o absurdo de mim sem teu contato de pele

a mente não descansa a busca que por ti se fez constante



um outro dia,

e já sem agonia, eu me aquieto,

eu me sucumbo ao sol do meio dia

e não há nada mais sincero do que mais te aterroriza

e diz que a vida pede suor

nao só o da paixão na cama

mas do ritmo da vida

que se nega manter o luto

Já não há dor em palavras derradeiras...

No que foi cruamente perdido.



comprei muitos livros

temas novos

autores nunca lidos

renovar ideias

sentimentos

desenhar palavras novas

no que dentro foi perdido

um livro teu, que nao te vi para entregar

e o que com ele eu poderia ter feito senão guardar?

num canto de estante bem escondido

nem vista, nem foco de luz

é isso que há se fazer com os amores nao dignamente vividos




Sob a inspiração da música Rasura, de Oswaldo Montenegro.