Hoje é esquecer
e amanhã, por ter menos ainda aberta a porta
em seguida fechada de forma bruta
de que adianta tantas palavras ao pé do ouvido, mexer com meus sentidos
se não há perdão para o nunca?
dizer que nao vou esquecer a chave, esqueço
o coração, esse órgão selvagem, nao se insere no não,
suas batidas e contrações só pedem vida
e onde esta habita...
ah, não há palavra por louca que seja, que explique
o movimento,
a sua repetição,
o transladar dos tempos,
o perder da afeição
a vontade de apagar, cura!
até a mais doce agrura que vivi nas tuas mãos
encantadoras
esse sopro que não cansa de passar nas minhas relvas
e tua selva...
que perigo da minha pele exposta à tuas aves de voos rasantes
de leões famintos por minhas palavras cativantes
apagado de borracha que sempre fui de ti, sei que fica rasura
da memória,
do que foi,
do escuro,
que eu te encontrei em luz repentina
de entontecer-me a vista
corpo e mente já nao eram eloquentes,
pois se tratava de ti...
e antes de ti nunca foram tão veementes
meus dias que antes de ti, serenizados eram, pois não havia a paixao à flor da pele
pela flor eu me encantei, efêmera que era
e a pele da flor, logo desmaiou ao primeiro sol que apanhou, por fraqueza dela
natureza igual a dela,
flor contida
encarquilhou-se na primeira página do caderno
mas a lembrança da entrega...essa ficou!
esquecer, esquecer, esquecer. Não há mistério.
a consciência pesa e o dia me emprega
a vida é prática e se nega a parar
mesmo a noite não sossega
é nos nervos da noite mal dormida que o corpo renega o fim,
o absurdo de mim sem teu contato de pele
a mente não descansa a busca que por ti se fez constante
um outro dia,
e já sem agonia, eu me aquieto,
eu me sucumbo ao sol do meio dia
e não há nada mais sincero do que mais te aterroriza
e diz que a vida pede suor
nao só o da paixão na cama
mas do ritmo da vida
que se nega manter o luto
Já não há dor em palavras derradeiras...
No que foi cruamente perdido.
comprei muitos livros
temas novos
autores nunca lidos
renovar ideias
sentimentos
desenhar palavras novas
no que dentro foi perdido
um livro teu, que nao te vi para entregar
e o que com ele eu poderia ter feito senão guardar?
num canto de estante bem escondido
nem vista, nem foco de luz
é isso que há se fazer com os amores nao dignamente vividos
Sob a inspiração da música Rasura, de Oswaldo Montenegro.
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