Sob véu e manto dourado
Brinquei de sonhos pela sala da casa
E os sonhos tão vivos na minha dança
Que até pensei que comigo também dançavam
De meninice me sabia rica
Inconsciente como a rosa que passa
Que de tão tola logo se faz moça
Dancei pela sala, quarto e jardim
Não era dança coreografada
É dança de quem moça deseja ser
Mas que é de menina desvairada.
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Tolo Balé
sob véu e manto dourado
brinquei de sonhos pela sala, pelo quarto...
e os sonhos tão vivos na minha dança
que até pensei que comigo também dançavam
de meninice me sabia rica
inconsciente como a rosa que passa
que de tão tola
logo se faz moça
pensando que a vida é dança clássica
mas que não passa de dança de rua
desarticulada
vulgar
à espreita de quem nela tombar
cair é fácil
difícil é levantar
tola bailarina!
esquece que a vida
não perdoa quem com ela brinca
dancei pela sala, quarto e jardim
não era dança coreografada
era dança de quem moça deseja ser
mas que não passa de menina desvairada
como toda bailarina, lépida e avoante
busquei sonhos ora próximos
e sonhos ora distantes
busquei venturas
e passos cada vez mais largos
e incapaz o meu corpo
de sustentá-los
distantes de mim
de ti, da vida
tola bailarina!
o peso dos anos pesou sobre a bailarina
que foi se recolhendo aos poucos
e quando viu, se tornara tímida
incapaz de se apresentar em público
incapaz de um passo resoluto
toda velha bailarina
depois de anos de dança
sente o cansaço
os músculos pesados
distorcidos
saldos da meninice
dos pulos inconsequentes
que um dia dera
mal sabia ela
que pairar sobre o ar não é mister
que o difícil é
suster os pés no chão
e encarar o mundo que te olha sem compaixão
lembro dos dias que te vi no palco
a transladar seus passos
desculpa, se de ti
tenho compaixão
é que outrora tanto eu te admirava
que anos depois
ainda permanece algo
sem pensar que tu pulavas tão alto
mas que um dia eu te veria frágil.