Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

22 de janeiro de 2011


Me belisca
Me estrala os dedos
Depois atiça (o desejo)
Não faz segredo
Que eu também tenho medo

Entrega tudo
Viaja pelo meu mundo,
Sem data de partida
Me escala,
Me viaja
Mas volta (e logo)
Me vira a cabeça e de ponta,
De quebra, me enlouqueça

Esteja
Permaneça
Me belisca – é fato
Me belisca - é sua tara
Me belisca – isso é um pedido ( pra vê se eu acredito)
Que te tenho aqui comigo
Por horas e horas
Dias e noites, de sol, de chuva...
O tempo que faz lá fora
Pouco importa
Só quero te ter ao pé da porta
Me olhando com avidez de fera faminta
Pega a isca e engole
Sugere
Aponta
Apronta comigo
Apronta a cama e deita comigo
Saboreia tudo
Mas num joga fora
Tira o mel da lua
Vira noite nua
Me sussurra incoerências
Vamo tendo paciência que o tempo voa...
Me pede o que quiser...
Que eu prometo te fazer
Minha abelha que tira o mel da lua
E se for preciso, tem vestido, tem roupão...
A gente se entende
A gente molha tudo
E depois
a gente enxuga.

3 de janeiro de 2011

Alegre encontro assustado

Vinha só com meus pensamentos
Cabeça cheia, olhos atentos
De um lado da boca, sorriso torto
D'outro, 
velhos tormentos....
Carros, asfalto, viaduto
Um caminho tão antigo, 
Que poderia ser meu próprio mundo
Trânsito fremente, da cidade, aquele velho sol quente
E a cabeça atinando 
Pensamento fremente
Vista turva
Por fora em mim, prédios 
Nada via, muito cética
A tarde terminara
E nada me prometia
Enquanto fora, tudo transcorria óbvio
Aqui dentro, meu cansado lamento
Tão antigo, 
que eu nao podia calar, 
ocultar de ninguém
Por isso, minhas dores, sempre fáceis saiam
Como carro de transito em agonia, 
pede sinal verde 
No vermelho que paralisa
Mas se a vista turva em visão sombria
Também clareia a vida
Uma imagem de alegria
E ele surgia, 
a vista embaçada nao me permitia a imagem coerente
Mas o meu sorriso, ao longe transparecia
E seu passo conhecido...
em poucos instantes num abraço me acolhia
E o convite, diligente, logo me fazia
E o meu velho medo de estar as sós me impedia
Mas o que há pouco nao passava de agonia
Em sorriso repleto, agora resplandescia

Pouco penso quando em sorriso me transformo
Meu ser agora, era todo alegria
O seu carinho a mim chegava
E creio que o meu, em ele percorria
Energia entre nós ecoava, naquele encontro inesperado
Afinal, fazia um tempo que não o via...

O que depois sucedera nao cabe a mim relatar
Dançamos tontos no asfalto, sem para onde ir
O torpor do alegre encontro, nos envolvera a tal ponto 
Que ali ficamos nos encarando por algum tempo 

E como um jardim suspenso 
Nabucodonossor jamais projetaria
Pra presentear sua amada
Um beijo lhe pedia...

É que os amantes se comprazem em um ao outro agradar
Os lisongeios fáceis saem da boca
A companhia embora calada
Se dá numa cumplicidade tácita
Assim voltara repleta, surpreendida
Com a vastidao que um breve momento lhe proporcionaria.