Por causa dessa solidão tão comum, que nenhuma palavra é capaz de remediar e tantas vezes, agrava
A bagagem do viajante - José Saramago
A bagagem do viajante - José Saramago
- Eu sei perfeitamente do que fala
Disse ele essa frase, seguro do que dizia
Lhe comovera sentir o peso de uma verdade
Que tantas vezes, por querer, se negava a ouvir
Mas a certeza do que não devia o fazia despertar
Talvez as palavras dela o fizeram acordar
Que a consciêcia falasse alto
bem verdade, ele sabia...
Que as escolhas determinam no fim quem serás
E as palavras com que tentas em vão remediar
Outras ditas sem pensar
E depois de dita não há mais que concertar
E tantas vezes há de agravar
E ficar gravada na mente como ofensa intencional
Sendo que só quis dizer uma coisa e garanto - não foi por mal!
Mas acabei dizendo outra que foi casual
E tu entendeste outra e essa foi fatal!
Os mal- entendidos criam brigas intermináveis
E vai tornando os sorrisos cada vez mais raros
E as palavras cada vez mais esparsas
E os olhares cada vez mais desviados
E as pessoas perdem pouco a pouco a capacidade que lhes era sublime
Seus sentidos eu diria até...
Que não há palavra qualquer
Que supere a solidão que nós é!
Ah! Se a gente já não sabe mais rir um pro outro, meu bem, então o que resta é chorar.
Los Hermanos - O vento
Nenhum comentário:
Postar um comentário