Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

14 de julho de 2009

Da aprendizagem de ser solitário

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De repente as coisas não precisam mais fazer sen­tido. Satisfaço-me em ser. Tu és?
Tenho certeza que sim.
O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência.
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Mas ao mesmo tempo tudo é tão fugaz.
Eu sempre fui e imediatamente não era mais.
O dia corre lá fora à toa e há abismos de silêncio em mim.
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Sou feliz na hora errada. Infeliz quando todos dançam
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Saber desistir. Abandonar ou não abandonar
— esta é muitas vezes a questão para um jogador.
A arte de abandonar não é ensinada a ninguém.
E está lon­ge de ser rara a situação angustiosa em que devo de­cidir se há algum sentido em prosseguir jogando.
Serei capaz de abandonar nobremente?
ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça al­guma coisa?
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13 de julho de 2009

Do desgastado Cotidiano

Me deram um nome
e me alienaram de mim
Clarice Lispector


Da primeira vez que me assassinaram
Perdi um jeito de sorri que eu tinha
Depois, de cada vez que me mataram
Foram levando qualquer coisa minha
Mario Quintana

Muito embora eu ainda fosse, em algum lugar desse tao conhecido rosto a que eu frequento a tanto anos todas as manhãs ao ir quase que mecanicamente, conferir em tom grave se algo nele se modificou, a mesma menina inquieta, de olhos vivos, rápidamente vivos, vivos e inquietos, como quem deseja descobrir o mundo, parece que a cada dia alguma expressão minha foi-se modificando sem que eu me desse conta, e em lugar dela uma outra expressão fosse pouco a pouco tomando lugar dela, e eu fosse me esquecendo a cada dia dos meus antigos grupos gestuais, vou deixando mesmo com o tempo, meus velhos conhecidos por novos atrativos cotidianos, sejam pessoas, sentimentos, paisagens porque passo . Enfim, deixo tudo, deixo a mim e não sei mais de mim. Nem em que lugar ficou perdido meu mais doce sorriso.