No princípio era o acaso
Depois, o ocaso nos levou a um momento furtivo
E eu enfim te conhecia
Em todas as cores...
E nas cores mais lindas do meu dia
Com todo espalhafato, beijar-te-ía
É que a tua longa ausência transbordou de mim aquele dia
E eu dancei palavras novas
No indizível da tua boca
E a quietude silvestre do desejo
Inflamou-me inteiro o corpo
E assim num de repente
Mergulhei em você,
Pois em nosso assustado encontro não havia o que dizer
Senão resumir num ato, e num prédio qualquer
Ali mesmo no vão da escada nos fizemos conhecer
Teus olhos nus me embeveciam
E por instantes eu esquecia
Que tu tens dois olhos
De quem muito conhece o mundo
Mas nenhum dos dois me diz ao certo quem tu és
E nenhum dois é espelho nítido para eu me conhecer
Fagulhas do teu olho
Trespassavam o meu corpo
Mas eu...eu não sentia dores
Mas calafrio!
E com que velocidade faminta e tranquila
O meu corpo percorrias...
O meu corpo percorrias...
E enfim eu descobria que a vertigem não é medo
Mas o cego desejo de que a muito eu carecia
A penumbra e um sorriso.
Um céu sobre a escada e a tua boca na minha.