Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

28 de outubro de 2010

Naufragio

Tu me tornaste insone.
Ou louco
Por ti...
O vento que sopra minha janela,
Me transpõe àquele velho medo
Das profundezas do teu ser
Que numa vaga eu quis atingir
Mas que nem uma gota posso ter
E de afoito que fui de buscar tua natureza
Sai trôpego de não conseguir

Segues essa rotina prevista a tantos anos
Em que fatal previ nosso desastrado encontro
Calmo e taciturno
Mas não me oscile
Nao mova uma palha por mim...
Melhor a inércia da minha (des)-espera
Que o desassossego de uma esperança cega


Sou medroso
Não sirvo pra ti
Portanto nada de ti
A mim deves consentir

És assim...esse contrário de mim
Esse contrário absurdo
Esse meu eterno luto
Uma coragem voraz
Uma fala mordaz
Um beijo incapaz, não de me trazer ardor
Mas de depositar em ti esse meu d e s a j e i t a d o amor

Faça aqui, faça agora!
E da insônia que puseste em meu coração
Irei romper desencantadamente a aurora
Sem que uma lágrima de sono
Me permita uma noite de sonho

Preciso partir
Não sen-ti
E tudo que me fizeste sentir:
A vida em ti...
 
Preciso desafogar
A gola do paletó
Que tu tão bem prendeste o nó
Que eu nunca soube dar...


...Sim, aquele nó
Que tu caprichosa deste
Mas que eu feito tolo
Não soube nele te amarrar

Quê te dar?
Uma viagem ao exterior?
Tua procura por um amor?

Uma fuga desesperada?
Do teu passado pregresso?
Do meu embaraço eterno?
Das minhas mãos ofegantes?
Dos teus passos eternamente i n c o n s t a n t e s...
Ainda em caminhos errantes
Sem que atentaste
Ao meu desejo gigante

Uma palavra, um poema, uma canção?
O verso da minha derradeira desilusão...

Faz-me entender tua lógica
És tão inédita ainda...
Que nem percebes a pressa
Com que não olhas pra mim
Embora eu tenha tao cedo
Te apresentado à minha retina
Que de olhar pra ti, ai amor, não se fadiga

Depois do vento...
Chuva desesperada veio
Trouxe um lamento cansado,
Pressuposto, adivinhado
E as pessoas do mundo taciturnas, caladas
Dormiam tranquilamente
Enquanto eu acordado
Te velava “plus content
De que vale o chiado da chuva?
Me dando vagas notícias tuas?
Se ignoras plenamente
Um choro que não entendes
De um amor que se fez
Na força do inexistente
Sei que preciso deixar-te
À cama, abandonar-me
Mas ainda sim
Que o consciente não me queira consentir
Acompanhar-me-á teu ser flutuante em alto mar
E em ti irei me derramar
Porque só em ti me permito naufragar.

2 comentários:

CA Ribeiro Neto disse...

Poema de um ritmo impressionante! Parece que estamos à deriva em alto-mar!

belo poema, belo! Acho que o receptor do eu-lírico, no fundo, apesar de tudo, ficou feliz com o que leu.

Thiago César disse...

um dos poemas mais apaixonados q eu jah li...
=|