Me deram um nome
e me alienaram de mim
Clarice Lispector
Da primeira vez que me assassinaram
Perdi um jeito de sorri que eu tinha
Depois, de cada vez que me mataram
Foram levando qualquer coisa minha
Mario Quintana
Muito embora eu ainda fosse, em algum lugar desse tao conhecido rosto a que eu frequento a tanto anos todas as manhãs ao ir quase que mecanicamente, conferir em tom grave se algo nele se modificou, a mesma menina inquieta, de olhos vivos, rápidamente vivos, vivos e inquietos, como quem deseja descobrir o mundo, parece que a cada dia alguma expressão minha foi-se modificando sem que eu me desse conta, e em lugar dela uma outra expressão fosse pouco a pouco tomando lugar dela, e eu fosse me esquecendo a cada dia dos meus antigos grupos gestuais, vou deixando mesmo com o tempo, meus velhos conhecidos por novos atrativos cotidianos, sejam pessoas, sentimentos, paisagens porque passo . Enfim, deixo tudo, deixo a mim e não sei mais de mim. Nem em que lugar ficou perdido meu mais doce sorriso.
Um comentário:
"Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
-Em que espelho ficou perdida
a minha face?" Cecília Meireles
É estranho mesmo, nesses momentos epifânicos que mostram a realidade de uma outra perspectiva, ver que essa horas que não passam ou que passam de pressa são a vida, e é a nossa vida que se esvai, que as coisas mudam substancialmente sem nos darmos conta, mas quem disse que isso é trágico? Já pensou o quão pesada seria a eternidade?!
Claricinha, parabéns por suas palavras!
=*
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