Tudo acaba, isso é uma velha verdade, leitor. Nem tudo que dura, dura muito.
Andei revisitando meus guardados, meus papéis antigos, escritos e reescritos, minhas fotos antigas daqueles rostos tão bem conhecidos e daqueles que eu nunca mais vi, e daquele que eu poderia tão bem definir, mas que me aparece desbotado como imagem envelhecida, talvez o meu...
aquele rosto vivo e sorridente foi morrendo nas fotos que eu guardei, esquecidas nas gavetas tão perdidas do meu quarto que em bagunça transformei.
Se existe uma causa de ficarmos mais sentimentais no dia do nosso aniversário, eu nem sei, mas que algo diferente ocorre nesse dia, disso eu não posso escapar.
Esperar que os outros venham a se lembrar do dia no meu nascimento é o maior presente que a gente espera ganhar nesse dia.
Telefonamas, mensagens de que eu nem esperava mais nada, visitas com abraços de carinho, sorrisos paralelos e tímidos, coisas que me fizeram mais feliz. Eu preciso de tão pouco pra ser feliz e isso as vezes me espanta, porque me faz pensar que eu sou de alguma forma medíocre, porque eu me contento com pouco: nos raros sorrisos que eu vejo hoje em dia no rosto das pessoas, nas esperanças que planto nelas, nos meus falares de esperança, nos meus otimismos desmedidos e por vezes que nos quais nem eu mesma acredito.
Vejo passando por entre os meus achados e perdidos minhas lembranças mais remotas e recentes. Nao sei porque tenho essa memória tão profunda, que lembra de frases inteiras que as pessoas me disseram, que é capaz de lembrar de longas conversas, independentemente do valor da conversa, desde a trivialidade até à que mais me comoveu.
Lembro que um dia ouvira alguém dizer que enquanto eu ainda vir Deus no outro nada estará perdido, eu nao consigo de deixar de ver Deus no outro, por isso me é tão doído ficar parada diante de olhares distantes, sorrisos sem graça, lágrimas disfarçadas. Quereria eu que os meus papéis avulsos fossem puros como um dia de aniversário de uma criança feliz com todos os seus parentes a amigos na sua casa, sorrindo alegremente e tirando os retratos que eu um dia olharei nas velhas gavetas displicentemente.
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