Aprendendo a ser

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Fá-lo-ei por eles e por outros que me confiaram as suas vidas, dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.

11 de outubro de 2008

Da fuga de si mesma



Tenho fugido durante todo o dia daquela que perceberia, numa palavra, mesmo displicentemente dita, numa nuance de humor, numa tristeza mal disfarçada, numa mágoa incontida, numa dor não recuperada, que por mais maquiada que fosse, não, não tinha...ela perceberia...
Horas a perder de vista no espelho, procurando, procurando....tentando, inultilmente, encontrar aquele sorriso de princesa, ou mesmo uma expressão neutra, que é o que aprendemos de menos superficial com as pessoas, superficiais que elas são, uma expressão qualquer que fosse, ora mais, mas que tirasse aquele ar de quem estava cansada demais, frustrada demais...essa expressão, que nem sei como, se instalou naquele rosto.
Eu peço à pessoa da qual tenho fugido, que perdoe o riso gratuito e a alegria postiça, que escondia uma tristeza tão grande, que ninguém nunca suspeitaria e, que, por tantas vezes fizeram as pessoas dizerem: 'você sempre está tão de bem com a vida' E ela respondia com um sorriso, que afinal, ela, triufante confirmava que conseguia convencer a todos.
Naquela noite, enquanto a casa dormia, ela velava e por fim, se rendia em confidência a quem durante a vida de virgília, ela negava encontrar.
Fugir de si é a mais fraca e vã covardia, e nessa fuga errante, sem êxito, inclusive uma fuga de tudo mais que a atormentava, fuga daquela família feliz. Tantas vezes, quando parecia vencer, ela ainda estava ali, parada, olhar vago e perdida, feito menina do pré-escolar, esperando que alguém viesse buscá-la.
Quando um dia essa fuga se realizasse bem sucedida, ela seria outra que não ela mesma, assim como a menina do conto Restos do carnaval.
Toda fuga, mais frustrada que seja, pressupõe um encontro com que quer que seja, até mesmo com o oposto do que se quer encontrar.

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